Membro do Grupo E, clube japonês vai precisar suar a camisa para passar de fase
Membro do Grupo E, clube japonês vai precisar suar a camisa para passar de fase
Três anos atrás, em 6 de maio de 2022, o Urawa Reds assegurou presença no “Super” Mundial de Clubes ao vencer a final da Liga dos Campeões da Ásia contra o poderoso Al-Hilal. Após um empate em 1 a 1 na ida, em Riyadh, os japoneses triunfaram em casa por 1 a 0, com um gol contra marcado por André Carrillo – o mesmo que hoje atua pelo Corinthians. O detalhe curioso é que o próprio Al-Hilal também participará do Mundial, credenciado pelo título asiático de 2021. Apesar da conquista anterior, sua vaga só foi confirmada dois anos depois, em 2023, quando a FIFA divulgou os representantes oficiais do torneio.
Você provavelmente conhece bem os gigantes europeus como Real Madrid (ESP), Bayern de Munique (ALE), ou o atual campeão da Liga dos Campeões, Paris Saint-Germain (FRA). Entre os brasileiros, o Rio de Janeiro emplacou um trio de respeito – Botafogo, Flamengo e Fluminense, que se juntam ao Palmeiras. Nossos vizinhos hermanos contarão com a participação da dupla de gigantes tradicionais formada por River Plate e Boca Juniors.
Mas, lá do outro lado do mundo, um time japonês também chega para desafiar os favoritos: o Urawa Reds. Não conhece? Sem problemas. Ao longo desta matéria, você vai descobrir algumas informações sobre o representante da Terra do Sol Nascente.
(Foto: Getty Images)
Fundado na década de 1950, o clube era conhecido como Mitsubishi Heavy Industries Football Club, refletindo sua base corporativa. Durante décadas, a equipe disputou as ligas amadoras, como tantos outros clubes de origem empresarial da época. Foi só em 1993, com a fundação da J-League e a chegada do futebol profissional ao país, que veio a transformação: o clube passou a se chamar Urawa Red Diamonds.
O próprio nome faz uma referência direta aos três diamantes vermelhos do logotipo da Mitsubishi, que seguem representando sua origem até hoje.
(Foto: X / @contactoigor)
Entre os clubes japoneses, poucos conseguem mobilizar tanta paixão quanto o Urawa Reds. Sua torcida é considerada a mais fervorosa do país – um espetáculo à parte nas arquibancadas. Com sede em Saitama, nos arredores de Tóquio, o time joga em um palco à altura: o Saitama Stadium 2002, que comporta mais de 60 mil pessoas e já foi cenário de jogos da Copa do Mundo do ano citado. O ambiente ali é eletrizante, impulsionado por adeptos que cantam do primeiro ao último minuto.
E, como mostra o vídeo abaixo, gravado pelo jogador brasileiro Matheus Sávio e publicado em suas redes sociais, eles já deram uma amostra do que são capazes no embarque do time rumo ao Mundial:
We are reds ❤️🔥 ready for the club World Cup 🙏 pic.twitter.com/LcUo6HWNyA
— マテウス サヴィオ (@matheussavio97) June 1, 2025
Com uma torcida tão apaixonada quanto intensa, o Urawa Reds também já se viu envolvido em episódios polêmicos. Na temporada passada, após a eliminação para o Nagoya Grampus nas oitavas de final da Copa do Imperador, mais de 70 torcedores invadiram o gramado e entraram em confronto com seguranças. Como consequência, 18 deles foram banidos dos estádios, e o clube foi excluído da edição atual do torneio. Segundo registros do comitê disciplinar da JFA, ao menos 11 incidentes envolvendo torcedores dos Reds foram contabilizados desde o ano 2000.
(Foto: Reuters)
Outro episódio lamentável envolvendo a torcida do clube ocorreu em 2014, quando uma faixa com teor racista foi exibida no Estádio Saitama, com os dizeres “Japanese Only”. A repercussão foi imediata, e a punição também: o clube foi obrigado a jogar com portões fechados na partida seguinte.
Feitos e conquistas
(Foto: Urawa Reds / Site oficial)
Com uma torcida apaixonada que comparece em peso onde quer que o time jogue e uma reputação de “bad boys”, era natural que o Urawa Reds atraísse tanto admiradores quanto críticos ao redor do mundo. Ainda assim, foi justamente essa aura provocadora que impulsionou o clube ao estrelato, consolidando-o como uma das agremiações mais populares do Japão. Os títulos, por sua vez, vieram em sequência, ocupando com rapidez as prateleiras do clube em Saitama.
Desde a profissionalização do futebol japonês, o Urawa Reds conquistou a J-League apenas uma vez. O feito aconteceu em 2006, sob o comando do técnico alemão Guido Buchwald, que também defendeu o clube como jogador entre 1994 e 1997. Na mesma temporada, os Reds levantaram ainda a Copa do Imperador – competição na qual somam, ao todo, oito títulos em sua história, conquistados nos anos de 1971, 1973, 1978, 1980, 2005, 2006, 2018 e 2021, em todas as eras.
A história do Urawa Reds é escrita com tinta dourada. Além de cinco conquistas da Supercopa do Japão (1979, 1980, 1983, 2006 e 2022) e duas Copas da Liga (2003 e 2016), o clube alcançou seu maior prestígio em palco continental. Três vezes campeão da Liga dos Campeões da Ásia – a mais alta competição do futebol asiático, comparável à Champions League europeia ou à nossa Libertadores – o time levantou o troféu em 2007, 2017 e 2022, firmando-se como uma das potências do Oriente.
Três títulos continentais erguem o Urawa Reds ao posto de maior campeão japonês da Liga dos Campeões da Ásia, lado a lado com os gigantes do futebol asiático. Apenas o Al-Hilal, com quatro conquistas, ostenta mais glórias. No mesmo degrau dos Reds estão os sul-coreanos do Pohang Steelers, igualmente tricampeões.
Essa trajetória internacional de sucesso também rendeu frutos no cenário global: o time de Saitama acumula participações em Mundiais de Clubes e conquistou vaga na aguardada edição inaugural do novo formato da competição, com 32 participantes – um desafio inédito e de proporções históricas.
A trajetória disputando Mundiais
(Foto: X / @tphoto2005)
A primeira aventura internacional do Urawa Reds no Mundial de Clubes foi em 2007 e deixou marcas positivas. O time estreou com vitória sobre o Sepahan, do Irã, por 3 a 1. Na semifinal, encarou o gigante Milan, da Itália, e foi superado por 1 a 0. Na disputa pelo terceiro lugar, após empate por 2 a 2 com o Étoile du Sahel, da Tunísia, levou a melhor nos pênaltis. O herói da campanha foi o atacante brasileiro Washington, conhecido como “Coração Valente”, que balançou as redes três vezes e terminou como goleador do torneio.
Dez anos depois, em 2017, o roteiro foi menos feliz: os Reds foram eliminados já na estreia, nas quartas de final, com uma derrota magra por 1 a 0 para o Al-Jazira, dos Emirados Árabes.
Em sua mais recente aparição no Mundial de Clubes, o Urawa Reds mostrou força ao eliminar o León, do México, por 1 a 0. Na sequência, mediu forças com o Manchester City e acabou superado por 3 a 0, diante de uma das equipes mais dominantes do futebol mundial. Na disputa pela medalha de bronze, os japoneses tentaram reviver as glórias de 2007, mas desta vez o desfecho foi amargo: derrota por 4 a 2 diante do Al-Ahly, do Egito, e um honroso quarto lugar.
Grandes nomes brasileiros
(Foto: Reprodução)
O nome que salta primeiro à mente dos brasileiros é o de Washington, o artilheiro apelidado de “Coração Valente” que mencionamos anteriormente. Com atuações memoráveis por Athletico-PR e Fluminense, ele também brilhou do outro lado do mundo. Entre 2006 e 2007, deixou sua marca no Urawa Reds, onde se tornou ídolo ao liderar o time com uma média de gols impressionante, sendo peça-chave nas conquistas daquele período.
Outro destaque ofensivo foi Emerson Sheik. Após boas atuações por Hokkaido Consadole Sapporo e Kawasaki Frontale, o atacante desembarcou em Saitama em 2001. Por lá, viveu uma de suas fases mais produtivas: foram cerca de 70 gols em 100 partidas, com direito ao título da Copa da Liga em 2003. Ele ficou no clube até 2007.
Natural de Palmeira d’Oeste, em São Paulo, o zagueiro Marcus Tulio Tanaka também deixou seu nome gravado na história do clube. Entre 2004 e 2009, disputou quase duzentas partidas e se destacou não só pela solidez defensiva, mas também pela impressionante quantidade de gols marcados, algo raro para sua posição. Esse desempenho o transformou em ídolo e presença constante nos anos mais vitoriosos da equipe, tendo também jogado pelo selecionado dos Samurais Azuis.
Outro nome importante é o de Alessandro Santos, mais conhecido como Alex. Embora menos famoso entre os brasileiros, o lateral – que mais tarde se transformaria em meio-campista – mudou-se para o Japão ainda em 1994. Iniciou sua carreira profissional pelo Shimizu S-Pulse, onde atuou de 1997 a 2003, até ser contratado pelos Reds, clube em que consolidou ainda mais sua trajetória entre 2004 e 2009. Com a cidadania japonesa em 2001, defendeu a seleção nipônica nas Copas do Mundo de 2002 e 2006.
O técnico brasileiro Oswaldo de Oliveira, conhecido pelo sucesso com o Kashima Antlers, também comandou o Urawa Reds. Em 2018, foi campeão da Copa do Imperador, reforçando sua trajetória vencedora no futebol japonês.
O Urawa Reds nos dias de hoje
(Foto: Urawa Reds / Site oficial)
Único representante japonês na competição e um dos nomes do continente asiático, o Urawa Reds garantiu vaga no Mundial ao conquistar a Liga dos Campeões da Ásia em 2022. Mas agora, o foco é o presente: vamos falar sobre o momento atual da equipe e destacar alguns dos jogadores que merecem atenção.
E não seria justo começar por outro que não fosse Shūsaku Nishikawa, o guardião de Saitama. Quase quarentão, mais de uma década de fidelidade ao clube, perto de 400 jogos nas costas – ele é mais do que um goleiro: é alma, escudo e voz no vestiário. Multicampeão e reverenciado por torcedores e colegas, sua presença será determinante na campanha dos Reds.
A defesa do Urawa Reds ainda conta com o norueguês Marius Høibråten, que, apesar de atuação abaixo da média contra o Manchester City no Mundial de 2023, está longe de ser descartável – pelo contrário: faz um campeonato seguro e mostra que tem valor no cenário local – e bom, ele não vai precisar enfrentar os ingleses de Pep Guardiola outra vez. Ao seu lado, Danilo Boza, zagueiro brasileiro, ex-Juventude, reforça a linha defensiva com segurança. Já pela lateral-direita, Hirokazu Ishihara vem sendo um dos nomes mais sólidos da posição até o encerramento do primeiro turno do campeonato japonês, na minha humilde opinião.
No meio-campo, Ryoma Watanabe merece todos os holofotes. Já elogiado por suas atuações em 2024, o jogador parece ainda mais maduro em 2025. O meia, que já foi lateral-esquerdo (e foi muitíssimo bem, vale dizer), mostra uma polivalência realmente impecável, seja como volante, ou armando, tanto pela direita, esquerda, e também pelo centro do campo. Pela regularidade e impacto no time, não é exagero dizer que Watanabe vem sendo o principal nome da equipe, e para mim, figura no time-ideal do 1° turno da J-League.
Por fim, mas longe de ser menos relevante, vale destacar mais um brasileiro: o meia Matheus Sávio, revelado pelo Flamengo. Depois de se destacar no Kashiwa Reysol nas últimas temporadas, ele chegou ao Urawa Reds com menos pressão e mais suporte coletivo. A camisa 8 lhe caiu bem, e o jogador vem mantendo o bom nível: são dois gols, quatro assistências e uma série de dribles em 21 partidas até aqui, fazendo de 2025 mais um ano positivo em sua carreira no Japão.
Outros nomes também poderiam ser mencionados, mas este panorama já oferece um bom retrato para quem acompanha de fora.
O time é comandado pelo polonês Maciej Skorża, em sua segunda passagem pelo Urawa Reds. Ele foi o técnico “responsável” pelo título da Liga dos Campeões da Ásia em 2022 e, curiosamente, retornou ao comando em 2024, o que lhe permite disputar agora o torneio que ajudou a conquistar. Confesso que tive minhas dúvidas sobre seu trabalho na temporada passada, especialmente devido ao pouco tempo para implementar ideias. Mas em 2025, é nítida a evolução: o time é mais equilibrado, mais confiante e mostra boa sintonia com o treinador.
É provável que o onze-inicial da equipe seja distribuído em um 4-2-3-1 com os seguintes nomes:
Shūsaku Nishikawa; Hirokazu Ishihara, Danilo Boza, Marius Høibråten e Takuya Ogiwara; Kaito Yasui e Samuel Gustafson; Takurō Kaneko, Matheus Sávio e Ryōma Watanabe; Yūsuke Matsuo.
Com foco total na J-League, os Reds ocupam a 3ª colocação, com 34 pontos – embora com mais partidas disputadas que alguns concorrentes diretos.
(Foto: Urawa Reds / Site oficial)
A delegação japonesa está em solo americano, treinando com dedicação nas estruturas da Universidade de Portland, Oregon. A equipe integra o Grupo E, ao lado de River Plate (ARG), Monterrey (MEX) e Inter de Milão (ITA) – um grupo duríssimo, o que torna a classificação para o mata-mata um verdadeiro desafio.
Confira as datas e horários dos compromissos dos japoneses:
17/06 – River Plate x Urawa Reds, em Seattle (16h00 – horário de Brasília)
21/06 – Inter de Milão x Urawa Reds, em Seattle (16h00 – horário de Brasília)
25/06 – Urawa Reds x Monterrey, em Los Angeles (22h00 – horário de Brasília)
Igor Ferreira é apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e sem parentes importantes vindo do interior. Fez do Fluminense sua vida, mas começou a dividi-la com o Sanfrecce Hiroshima por volta de 2015. Também é escritor e contista nas horas vagas, atuando com ficção especulativa.
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