Time de Saitama faz partida melhor que a anterior, mas sucumbe nos minutos finais
Time de Saitama faz partida melhor que a anterior, mas sucumbe nos minutos finais
Pressionado e à beira da eliminação, o Urawa Red Diamonds reencontrou ontem o Lumen Field, em Seattle, onde havia enfrentado o River Plate (ARG), na rodada anterior. Agora, o adversário era a temida Internazionale de Milão (ITA), num duelo que se anunciava como o mais desafiador da trajetória japonesa e que carregava em si o peso de uma possível despedida do torneio da FIFA.
Mas se em campo os Reds eram considerados os azarões, nas arquibancadas o cenário era outro. Assim como na rodada anterior, a torcida japonesa transformou o estádio em um mar de apoio inabalável. Antes mesmo do apito inicial, já estava claro que, na “garganta”, ao menos, os italianos não teriam chances.
Dentro das quatro linhas, o técnico polonês Maciej Skorża repetiu a escalação da partida passada contra os argentinos, apostando nos mesmos onze titulares. A postura também se repetiu: um jogo reativo, com o Urawa à espera, enquanto a Inter – também pressionada pelo empate com o Monterrey, do México – ficava com a responsabilidade de propor o jogo e buscar a vitória.
Totalmente recuado e praticamente sem tocar na bola, o Urawa Red praticamente assistia ao jogo. A Inter dominava, cruzava bolas na área e rondava o gol. O início apontava para uma pressão constante e um gol europeu iminente. Mas, contra o roteiro esperado, quem balançou as redes primeiro foram os japoneses.
Aos 10 minutos, após uma disputa na direita, Takuro Kaneko arrancou, passou a bola entre as pernas do brasileiro Carlos Augusto e enxergou Ryoma Watanabe entrando com liberdade. O meia recebeu e, de primeira, finalizou com precisão próxima da marca do pênalti. O goleiro suíço Yan Sommer ainda tocou na bola com os pés, mas não foi o bastante: placar aberto para quem menos se esperava.
(Foto: Reprodução)
Com a vantagem no placar e o sonho ainda aceso, os Reds mantiveram sua postura defensiva, seguindo lutando com bravura. Praticamente todos os jogadores permaneciam atrás da linha da bola, numa aposta clara em sustentar o 1 a 0 a qualquer custo. A Internazionale, com amplo domínio da posse, intensificou sua pressão ofensiva. Oito minutos após o gol, o albanês Kristjan Asllani levantou na área e o argentino Lautaro Martínez acertou o travessão do goleiro Shūsaku Nishikawa, em lance que anunciava o que viria: um bombardeio italiano até o apito final.
Ainda assim, essa acabou sendo a única finalização realmente perigosa por parte dos italianos. O primeiro tempo se arrastou com a Inter tentando manter o controle da partida sob o comando do técnico romano Cristian Chivu, mas sem inspiração. A posse foi italiana, mas as ideias rarearam: faltou construção pelo chão, sobraram cruzamentos ineficazes e a chance do empate nunca chegou perto de se concretizar.
Quando o árbitro mauritano Dahane Beida apitou o fim do primeiro tempo, o Urawa Red Diamonds pôde comemorar mais do que uma vantagem no placar. Estava, de forma literal, superando uma potência mundial: a atual vice-campeã europeia. O desempenho até ali excedia o mostrado contra o River Plate. Diante de um adversário muito mais qualificado, o Urawa foi eficiente: aproveitou a chance que teve, recuou com organização e soube se defender.
O placar parcial era memorável, mesmo com eventuais falhas defensivas — compreensíveis, diante da disparidade física e técnica entre os elencos.
Em termos táticos, surpreendeu-me o fato de o Urawa conseguir conquistar espaços e controlar brevemente a posse em momentos propícios ao contra-ataque. No entanto, a transição ofensiva foi excessivamente lenta em todas as ocasiões, o que neutralizou qualquer possibilidade real de perigo. Àquela altura, projetava-se que, caso houvesse uma melhora nesse aspecto e a consistência defensiva se mantivesse — com alguma dose de sorte —, o placar poderia até ser ampliado. Ainda assim, a lógica do confronto, baseada na superioridade técnica da Inter, indicava uma provável virada.
(Foto: Reprodução)
Para o segundo tempo, a Inter voltou com duas alterações: o polonês Nicola Zalewski deu lugar ao armênio Henrikh Mkhitaryan, enquanto o italiano Sebastiano Esposito foi substituído pelo próprio irmão, Francesco Pio Esposito. O panorama da partida, no entanto, seguiu o mesmo. O time europeu continuou rondando a área japonesa e apostando nos cruzamentos. Logo nos primeiros minutos, Asllani assustou em uma sobra na entrada da área. Mais tarde, Dimarco teve boa chance após novo levantamento, mas finalizou mal e mandou longe do gol.
Com todos os jogadores ainda atrás da linha da bola e uma postura extremamente dedicada, o Urawa conseguia resistir, neutralizando a maioria das ameaças aéreas. Ainda assim, as sobras continuavam favorecendo a Inter. Asllani voltou a arriscar da meia-lua, mas sem sucesso. Foi nesse momento que Skorża promoveu sua primeira mudança: Takuro Kaneko deu lugar a Takahiro Sekine. E foi justamente com Sekine que o Urawa finalizou pela primeira vez na etapa final, em jogada pelo lado direito, embora sem oferecer perigo real.
Poucos minutos depois, concretizou-se aquilo que, no fim da primeira etapa, parecia o único caminho para o Urawa ampliar: um contra-ataque em superioridade numérica. A jogada teve início após o desarme sobre o brasileiro Luis Henrique ainda no terço ofensivo. Yusuke Matsuo arrancou com liberdade, tendo ao seu lado um verdadeiro pelotão japonês descendo em bloco. A Inter, desorganizada defensivamente, ofereceu um cenário de 5×2. Watanabe, autor do gol, foi acionado, mas sua finalização foi desperdiçada de forma frustrante, arrancando reações incrédulas dos companheiros ajoelhados diante da oportunidade perdida de sacramentar a vitória.
Após o contra-ataque desperdiçado pelo Urawa, o jogo voltou à configuração original: domínio territorial da Inter, com posse e presença ofensiva, mas baixa efetividade criativa. Mkhitaryan perdeu uma chance clara dentro da área, evidenciando as dificuldades italianas também na definição. O Urawa, por sua vez, começou a demonstrar sinais claros de desgaste físico. A linha defensiva já não mantinha a mesma concentração, e os espaços começaram a aparecer com mais frequência.
O gol de empate surgiu aos 30 minutos, quando o italiano Nicolò Barella cobrou escanteio. Mesmo com uma bola aparentemente inofensiva e a grande área congestionada, o atacante argentino Lautaro Martínez improvisou uma “puxeta”. A finalização, inesperada, venceu Nishikawa e igualou o marcador, frustrando a resistência japonesa.
(Foto: Buda Mendes / Getty Images)
Com o gol sofrido, o time japonês viu sua posse de bola diminuir ainda mais, e toda e qualquer chance de algum contra-ataque, se esvaiu. Nem mesmo as substituições foram suficientes para alterar o cenário da partida, enquanto os italianos mantinham a pressão em busca da virada.
A Inter dominava a área, vencendo praticamente todas as disputas, seja pelo alto ou no chão, e ainda se aproveitava das segundas bolas. Lautaro tentou de cabeça, mas Nishikawa foi seguro na defesa. O compatriota Valentín Carboni, que entrara pouco antes, arriscou de fora da área, mas a bola também não causou preocupações. A melhor chance foi quando o italiano Alessandro Bastoni, também vindo do banco, cruzou para encontrar Barella, em ótimas condições na pequena área. O meio-campista se atirou na bola, mas Watanabe apareceu no último momento, conseguindo atrapalhá-lo.
A insistência da Inter teve recompensa nos acréscimos, quando o árbitro assinalou mais quatro minutos. Aos 46, Bastoni voltou a levantar a bola na área, e a defesa japonesa afastou parcialmente. Na sobra, o bósnio Petar Sučić, que também saíra do banco, tentou de primeira, mas o chute foi bloqueado pelo zagueiro norueguês Marius Høibråten. No rebote, a bola sobrou para Carboni, que finalizou com precisão: rasteiro, no canto, sem chance para Nishikawa. A bola estufou as redes e decretou a virada da equipe italiana.
(Foto: Divulgação / Inter de Milão)
Abalado com o gol sofrido, o Urawa Reds já não tinha tempo para um milagre nos minutos finais. Hirokazu Ishihara ainda tentou uma última cartada com um chute de longa distância em cobrança de falta, tendo a bola caído repentinamente em direção ao gol, mas atento, Sommer evitou o pior. No escanteio gerado pela jogada, os japoneses venceram tanto a primeira bola quanto a sobra, mas Sekine pegou mal na finalização, que não causou ameaça.
Com o apito final, a eliminação precoce do Urawa Reds foi confirmada. É bem verdade que a equipe não apresentou um futebol suficientemente incisivo para merecer uma vitória, mas sua atuação representou uma evolução clara em relação à estreia. Houve mais entrega, mais organização e desempenhos individuais melhores, como o do brasileiro Matheus Sávio, que lutou com intensidade, e Watanabe, que além de marcar o gol, foi muito mais participativo.
Taticamente, o time japonês teve um comportamento mais sólido, tanto com a bola quanto sem ela. O sueco Samuel Gustafson voltou a se destacar no meio-campo, e a defesa, que havia falhado drasticamente contra o River Plate, desta vez conseguiu conter a força da Inter por quase toda a partida. A equipe esteve perto de conquistar um ponto que a manteria viva na competição — e merece elogios pela postura competitiva diante de um adversário claramente superior.
E ficou, acima de tudo, a festa das arquibancadas. A torcida do Urawa Reds encantou mais uma vez — invadiu transmissões, tomou as redes sociais, e espalhou pelo mundo a mensagem de que, no Japão, o futebol também pulsa com paixão verdadeira.
(Foto: Juan Mabromata/AFP)
O Urawa Reds retorna a campo no dia 25, para encerrar sua participação no Mundial de Clubes da FIFA. A equipe de Saitama enfrenta o Monterrey, do México, às 22h (horário de Brasília). Os mexicanos ainda lutam por uma vaga na fase eliminatória.
Igor Ferreira é apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e sem parentes importantes vindo do interior. Fez do Fluminense sua vida, mas começou a dividi-la com o Sanfrecce Hiroshima por volta de 2015. Também é escritor e contista nas horas vagas, atuando com ficção especulativa.
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