Japoneses não fazem bom jogo, sendo facilmente superados pelo River Plate
Japoneses não fazem bom jogo, sendo facilmente superados pelo River Plate
Nos dias que antecederam a Copa do Mundo de Clubes da FIFA, fizemos um resumo básico sobre o Urawa Reds, apontando virtudes pontuais, a provável formação inicial e o estilo de jogo da equipe, assim como parte de sua história e algumas curiosidades. Também alertamos para o tamanho do desafio no Grupo E, composto por adversários de alto nível. Ontem, diante do River Plate, isso foi comprovado categoricamente: o time de Saitama pouco competiu, sendo facilmente superado, mostrando que, neste momento, encontra-se um degrau abaixo dos principais concorrentes.
Com pouco mais de 11 mil espectadores no Lumen Field, em Seattle, o início da partida foi marcado por um episódio curioso durante a entrada das equipes. Marius Høibråten, zagueiro norueguês do Urawa Red Diamonds, passou direto pelos jogadores do River Plate, sem cumprimentá-los, o que gerou desconforto e críticas por parte da torcida argentina. O gesto, inicialmente interpretado como provocação ou arrogância, foi mais tarde esclarecido pelo próprio jogador, que explicou ter se confundido devido a uma mudança no protocolo e estar totalmente focado em sua função. Após o jogo, Høibråten pediu desculpas pessoalmente aos atletas do River no vestiário e também se retratou publicamente nas redes sociais, afirmando que jamais teve a intenção de desrespeitar. O fato é que, assim que a bola rolou, Høibråten se manteve como um dos protagonistas da partida, como nós vamos mostrar em breve.
The Club World Cup is providing us with some spicy drama. Urawa Reds Captain ,Marius Hoibraten, doesn’t shake any River Plate players hand pregame.#FIFACWC #CWC #ClubWorldCup pic.twitter.com/lbWEY8iGXK
— Favian Renkel (@FavianRenkel) June 17, 2025
Mantendo o 4—2—3—1 que tem sido padrão na J-League, os Reds entraram em campo com seu time-base. A única novidade foi a presença de Yoichi Naganuma na lateral esquerda, no lugar de Takuya Ogiwara. Particularmente, não encontrei muitas justificativas para essa escolha; talvez o técnico polonês Maciej Skorża tenha pensado que essa mudança reforçaria o sistema defensivo da equipe.
Do outro lado, e com o que havia de melhor à disposição, o River Plate fez valer seu favoritismo e mostrou por que é um dos cotados para garantir a segunda vaga, ao lado da Internazionale (ITA).
O primeiro tempo foi um reflexo claro dessa superioridade. Enquanto o Urawa Reds mostrava uma falta de intensidade, jogando de forma morosa e permitindo inúmeros espaços, o River Plate controlava o jogo. Aos 8 minutos, Sebastián Driussi quase abriu o placar em chute rasteiro que carimbou a trave. Pouco depois, Marcos Acuña levantou uma bola na área que encontrou Facundo Colidio, que subiu livre para marcar.
(Foto: TNT Sports)
Os japoneses demonstraram uma marcação deficiente durante todo o primeiro tempo. As poucas vezes em que a equipe conseguiu criar algo aconteceram apenas após os 20 minutos, quando o River Plate, já com o controle do jogo, diminuiu o ritmo e permitiu que o time japonês tivesse mais posse de bola. Nesse momento, o meio-campista sueco Samuel Gustafson se destacou, sendo o único jogador capaz de dar alguma consistência ao meio-campo e coordenar as poucas jogadas mais organizadas do Urawa. Ele foi, sem dúvida, o melhor jogador dos Reds no primeiro tempo.
O time de Saitama chegou até a balançar as redes com uma cabeçada de Høibråten, aos 30 minutos, mas o gol foi corretamente anulado com auxílio do VAR, mantendo o placar a favor dos argentinos.
(Foto: AS)
Depois de um primeiro tempo decepcionante, com uma marcação passiva e distante, esperava-se que o Urawa Reds voltasse com uma postura mais agressiva para a etapa final. Mas, aos três minutos, uma falha de proporções dramáticas selou o destino da equipe. Høibråten tentou um recuo de cabeça para o goleiro Shusaku Nishikawa, mas a bola sequer chegou ao arqueiro. Driussi, atento, se antecipou e aproveitou a falha para marcar.
O atacante, aliás, mal teve tempo de comemorar, já que um choque com Nishikawa no mesmo lance o forçou a sair de campo com uma lesão.
Com o gol sofrido e a lambança defensiva, o Urawa Reds viu qualquer chance de reação ir por água abaixo, sem nem mesmo a oportunidade de repensar sua estratégia durante a volta do intervalo.
(Foto: AFP)
Apesar de não fazer um bom jogo, o Urawa Reds teve a sorte ao seu favor quando, dez minutos após ver o placar ser ampliado, Gustafson — que levou um tempo considerável para passar a bola — encontrou Takuro Kaneko na grande área. O atacante foi derrubado por Acuña e, na cobrança, Yusuke Matsuo, com frieza, deslocou Franco Armani, estufando as redes.
Após o gol, os Reds viveram sua melhor fase no jogo pelos dez minutos seguintes. O River Plate, que passava a se defender de forma desordenada e deixava espaços, foi pressionado pelos japoneses, que passaram a dominar o campo. Aproveitando essas brechas, o time japonês se aproximava da área adversária e começava a explorar as falhas na defesa argentina com mais eficiência, ainda que oferecendo pouco perigo real.
(Foto: Getty Images)
Foi então que Skorża fez suas primeiras mudanças. Matheus Sávio foi substituído pelo compatriota Thiago Santana, enquanto Takuro Kaneko deu lugar a Takahiro Sekine. Talvez essas mexidas fossem uma tentativa do técnico polonês em buscar o empate, mas não houve sequer tempo para avaliarmos. Apenas um minuto após as substituições, Acuña cobrou escanteio na área e encontrou Maximiliano Meza, que aproveitou nova falha defensiva para, com uma cabeçada, voltar a ampliar o placar.
Mais uma vez em uma situação difícil e tendo que lutar contra o resultado, o Urawa Reds sofreu um golpe duro. Com 20 minutos restantes para tentar o improvável, a equipe até teve algumas chances, aproveitando a postura relaxada do River Plate, que já não parecia se importar mais com o placar. A melhor oportunidade foi com Thiago Santana, que finalizou de primeira, à meia-altura, dentro da grande área, mas a tentativa foi defendida com segurança por Armani.
(Foto: X / River Plate)
Em um dia de pouquíssima inspiração, o Urawa Reds encontrou um River Plate superior em todos os aspectos e não conseguiu reagir. Mesmo quando teve algumas oportunidades, o time japonês não conseguiu impor seu jogo e jamais representou perigo legítimo. O sistema defensivo, longe de ser unânime, foi colocado à prova, e não passou no teste, especialmente a dupla de zagueiros. Höibraten e o brasileiro Danilo Boza tiveram um dia para esquecer, com abordagens desastrosas que permitiram que os argentinos marcassem, por exemplo, todos os seus gols em cabeçadas.
Com Matheus Sávio apagado e completamente encaixotado, e Ryoma Watanabe longe de apresentar o futebol que se esperava, o time de Saitama não conseguiu reagir ao ímpeto do River Plate. Poucos jogadores conseguiram se destacar: talvez Gustafson, que sempre que conseguiu ter a bola, mostrou razoável produtividade, e Matsuo, autor do gol, que esteve presente em quase todas as tentativas ofensivas. Contudo, as aproximações ao atacante foram escassas, o que dificultou bastante seu trabalho e as finalizações. Ao menos na minha análise.
Talvez Skorża pudesse ter mexido mais cedo, é verdade, mas os gols da equipe argentina apareceram em momentos chave, que acabaram definindo o destino do jogo. O primeiro, logo no início, mudou o rumo da partida, encerrando qualquer plano japonês pensado previamente. O segundo, logo no primeiro lance do segundo tempo, cortou qualquer chance de recuperação após a conversa no vestiário. E o terceiro gol, pouco depois de Matsuo reduzir a vantagem, ocorreu justamente quando o time japonês tentava reagir para buscar o empate, enterrando qualquer esperança.
(Foto: Reprodução)
Desde o início, era evidente que o Urawa Reds teria que superar um enorme desafio para buscar a classificação, mas a esperança ainda mantinha a chama acesa nos corações dos torcedores.
Meus prognósticos tentavam ser otimistas: um empate milagroso contra o River Plate, uma derrota esperada e dolorosa para a Internazionale, e, então, apostar a vida contra o Monterrey (MÉX). Com 4 pontos, ainda seria possível sonhar com a vaga, dependendo de outros resultados, mas com um início tão desfavorável, a classificação parece agora uma missão impossível.
O grande destaque da noite, no entanto, foi a incrível torcida vermelha, que, como era de se esperar, não só compareceu em peso, mas também deu um verdadeiro show nas arquibancadas, viralizando nas redes sociais e recebendo elogios de todos os cantos do mundo.
O time volta a campo no próximo sábado (21), contra o vice-campeão europeu.
Igor Ferreira é apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e sem parentes importantes vindo do interior. Fez do Fluminense sua vida, mas começou a dividi-la com o Sanfrecce Hiroshima por volta de 2015. Também é escritor e contista nas horas vagas, atuando com ficção especulativa.
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